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Panorama das criptomoedas, DeFi e Blockchain (2025)

Valor de mercado recorde – em 18 de julho de 2025 o valor total do mercado de criptomoedas ultrapassou US$ 4 trilhões. Segundo a agência Reuters, o marco reflete a transição das criptos de ativos marginais para parte central das carteiras globais. O aumento foi impulsionado por otimismo renovado, maior clareza regulatória e fluxo institucional crescente. O bitcoin rompeu a marca de US$ 120 000 e corretores preveem que o preço possa atingir US$ 200 000 até o fim de 2025. O ether (ETH) subiu 4,5 % no mesmo período.

Bull run sustentado por ETFs e halving – análise do site Exploding Topics explica que o bitcoin valorizou 150 % entrando em 2024 e chegou a US$ 106 140 em dezembro de 2024. O ativo começou 2024 próximo de US$ 44 000 e superou US$ 111 000 no segundo trimestre de 2025. Dois fatores sustentam essa alta: (1) aprovação de ETFs de bitcoin à vista (em janeiro/2024) e (2) evento de halving, que reduziu pela metade a emissão de novos bitcoins. Esses ETFs permitem a exposição ao ativo sem a necessidade de operar em corretoras cripto.

Tendências, evidências e oportunidades

Integração de IA (DeFAI)

A busca por “tokens de IA” cresceu fortemente em 2024 e 2025. Esses tokens financiam plataformas de IA descentralizadas, redes de web3 e protocolos de machine learning, permitindo o pagamento por serviços, recompensa a usuários e participação em governança. Existem mais de 200 tokens de IA com valor de mercado combinado superior a US$ 36 bilhões, e projetos como BitTensor (TAO) são líderes.

A combinação de IA e blockchain permite algoritmos de negociação em tempo real, auditoria automática de contratos inteligentes e modelos preditivos. Tokens de IA podem valorizar se os projetos entregarem utilidades claras.

Investimentos, fusões e aquisições

Após um 2022 marcado por falências, o capital de risco retornou ao setor. No 1º trimestre de 2025 os investimentos em startups cripto atingiram US$ 4,9 bilhões, maior valor em dois anos. O maior aporte (US$ 2 bilhões) foi para a Binance, que recebe ~76,7 milhões de visitantes mensais. A expectativa é que o investimento em 2025 ultrapasse US$ 18 bilhões.

Financiamentos estão migrando para projetos com aplicações no mundo real e infraestrutura para fintechs. O cenário favorece IPOs e M&A; oportunidade para empreendedores de blockchain e investidores de capital de risco.

Regulação em evolução

A busca por “regulação cripto” aumentou 308 %. O governo Trump tem adotado postura mais permissiva; o presidente assinou ordem executiva autorizando regulação “light-touch”. O Genius Act, aprovado pelo Congresso em 17 de julho e sancionado em 18 de julho 2025, criou o primeiro marco federal para stablecoins de pagamento e abriu caminho para o Clarity Act, ainda em tramitação. Órgãos como Fed, FDIC e OCC emitiram orientações sobre guarda de ativos cripto, enfatizando gestão de risco, expertise técnica e cumprimento de normas AML/CFT. A SEC publicou orientações para emissores de ETPs de cripto sobre divulgações de riscos, custódia e conflitos de interesse e reforçou que títulos tokenizados continuam sujeitos à lei de valores mobiliários.

Maior clareza regulatória favorece adoção institucional e surgimento de produtos financeiros regulados (ex.: ETFs e stablecoins). O Genius Act exige que emissores de stablecoins mantenham reservas correspondentes ao ativo subjacente, tornando o segmento mais seguro. Para investidores, é essencial acompanhar a evolução do Clarity Act, da MiCA na UE e das normas asiáticas.

Impacto ambiental e sustentabilidade

Minerar bitcoin consome cerca de 1 174 TWh/ano, mais do que o consumo anual da Holanda. Uma única transação de bitcoin usa a mesma energia que uma residência norte‑americana em 26 dias. Cerca de 67 % da energia provém de combustíveis fósseis, e o consumo de água anual poderia chegar a 2 237 gigalitros, equivalente à utilização de Washington D.C. em um ano. O upgrade “Merge” do Ethereum (2022) migrou para prova‑de‑participação, reduzindo o consumo em 99 %, mas o bitcoin provavelmente nunca adotará esse modelo.

Projetos que reduzem uso energético (por exemplo proof‑of‑stake, mineração verde ou compra de energia renovável) tendem a atrair capital ESG. Investidores devem considerar a pegada ambiental ao avaliar projetos.

Tokenização de ativos do mundo real (RWA)

A tokenização permite representar digitalmente bens como imóveis, arte, títulos e propriedade intelectual. O fundo BUIDL da BlackRock, lançado em 2024 com a Securitize, usa a blockchain da Ethereum e captou US$ 240 milhões na primeira semana. Citigroup testa tokenização de ativos financeiros em blockchain privada para transferências 24/7. Estima‑se que o mercado de tokenização crescerá de US$ 3,32 bilhões em 2024 para US$ 12,8 bilhões até 2032 (CAGR ~20 %); consultorias apontam que até US$ 16 trilhões em ativos podem ser tokenizados até 2030 e que US$ 4 trilhões em imóveis podem ser tokenizados até 2035.

Tokenização aumenta liquidez, possibilita propriedade fracionada e automatiza direitos (dividendos, royalties). Trata‑se de uma das principais oportunidades de crescimento do ecossistema blockchain, inclusive em DeFi 2.0.

Moedas digitais de bancos centrais (CBDCs)

De acordo com o Atlantic Council, 132 países (representando 98 % do PIB mundial) estudam ou testam CBDCs. Jamaica, Nigéria e Bahamas já têm moedas digitais operacionais; a China testa o e‑CNY em 260 milhões de carteiras e o utiliza no transporte público de Pequim. O Banco de Compensações Internacionais estima que até 2030 haverá 15 CBDCs de varejo e 9 CBDCs de atacado. A rede SWIFT planeja interconectar diferentes CBDCs. Os EUA, porém, não têm planos para uma CBDC e citam preocupações com privacidade e estabilidade financeira.

CBDCs buscam unir as vantagens das criptomoedas com a estabilidade das moedas nacionais; podem reduzir custos de pagamentos e aumentar a inclusão financeira. Entretanto, levantam debates sobre privacidade e o papel dos bancos comerciais.

Clima de mercado e adoção institucional

O bull run, somado à reversão da postura regulatória (Trump reeleito e políticas pró‑inovação), levou empresas e fundos a aumentar sua exposição. A Reuters relata que empresas listadas, como Coinbase e Robinhood, registraram máximas históricas graças à alta das criptos. No lado inverso, a volatilidade permanece alta; após a marca de US$ 4 trilhões, o valor agregado recuou para cerca de US$ 3,92 trilhões quando o bitcoin caiu 1,8 %.

A adoção institucional tende a continuar, mas os mercados permanecem sensíveis a eventos macroeconômicos (tarifas, política monetária) e a opiniões de figuras públicas. Investidores devem monitorar estes fatores e diversificar.

Tendências DeFi em 2025 (TokenMinds)

DeFAI (IA aplicada ao DeFi)

Protocolos incorporam ferramentas de IA para automatizar market making, melhorar lógica de empréstimos e rodar modelos preditivos. Essas aplicações reduzem a intervenção humana e melhoram eficiência e escalabilidade, permitindo ajustar precificação e riscos em tempo real.

Interoperabilidade cross‑chain

Interfaces como Stargate, Synapse e 1inch permitem que ativos e dados circulem entre múltiplas blockchains, eliminando a fragmentação e aumentando liquidez. Isso simplifica a experiência do usuário e expande o público alvo.

Stablecoins descentralizadas

Em vez de depender de reservas bancárias, utilizam algoritmos ou colateral cripto. Esses modelos oferecem maior transparência e mitigam riscos de custódia. São essenciais para prover liquidez entre cadeias e ampliar acesso em regiões sem infraestrutura bancária.

Soluções de escalabilidade de camada 2

Redes como Arbitrum, Optimism e zkSync transferem transações para uma camada externa e reduzem taxas e congestionamento. Isso viabiliza aplicações de alta frequência e melhora a experiência do usuário.

Adoção institucional

Bancos, fundos de hedge e fintechs já integram DeFi em operações; atraem capital de longo prazo e exigem infraestrutura robusta, ferramentas de conformidade e segurança. A institucionalização eleva padrões de governança e uptime dos contratos inteligentes.

Experiência do usuário e acesso móvel

Projetos focam em interfaces simplificadas e aplicativos que facilitam onboarding, como Trust Wallet e dYdX, ampliando a adoção em mercados emergentes.

Identidade e reputação descentralizadas

Sistemas permitem que usuários construam histórico on‑chain sem revelar dados pessoais, favorecendo empréstimos com menor colateral, governança e pontuações reputacionais.

Pools de liquidez perpétuos

Estruturas que incluem alavancagem e ajuste automático de alocação, aumentando eficiência de capital e estabilidade de liquidez.

Integração play‑to‑earn

Jogos blockchain incorporam tokens DeFi para recompensar jogadores, permitindo negociação, aposta ou uso como colateral. Essa convergência amplia o público e serve de porta de entrada à economia financeira descentralizada.

Oportunidades de investimento e desenvolvimento

Tokens de IA e protocolos DeFAI: a adoção de IA em cripto está no início e apresenta potencial de crescimento. Projetos que entregarem utilidades claras, como redes de modelo compartilhado ou automatização de mercados, podem se valorizar. O token TAO da BitTensor é exemplo de liderança.

Infraestrutura de interoperabilidade e camada 2: soluções cross‑chain e de escalabilidade estão se tornando o “backbone” do universo Web3. Provedores de bridges, rollups e redes compatíveis podem se beneficiar do aumento de volume e uso.

Tokenização de ativos e DeFi 2.0: a integração de ativos do mundo real com blockchain abre espaço para financiamentos, fracionamento de imóveis ou títulos e novos instrumentos financeiros. O fundo BUIDL e iniciativas de bancos como Citigroup demonstram interesse institucional.

Stablecoins reguladas e pools permissionados: o Genius Act nos EUA estabelece requisitos de reservas para emissores, aumentando confiança. Pools permissionados permitem que instituições invistam em DeFi de forma regulada.

Games e economia de criadores: a integração de play‑to‑earn e NFTs com DeFi atrai novos usuários e abre oportunidades de monetização para criadores.

Serviços de conformidade e segurança: com maior regulação e entrada de instituições, há demanda crescente por auditorias de contratos inteligentes, análises de risco, identidade descentralizada e seguros de smart contracts.

Investimentos com foco ESG: projetos que reduzam impacto ambiental, adotem prova‑de‑participação ou utilizem energia limpa podem atrair fundos ambientais. A alta pegada de carbono do bitcoin destaca a importância dessa área.

Conclusão

O mercado de criptomoedas, DeFi e blockchain vive um momento de expansão e transformação profunda. A conquista do marco de US$ 4 trilhões em valor de mercado, a aprovação de ETFs de bitcoin e a aprovação do Genius Act nos Estados Unidos evidenciam a convergência entre finanças tradicionais e o universo cripto. Ao mesmo tempo, tendências como DeFAI, tokenização de ativos, interoperabilidade, stablecoins descentralizadas e CBDCs reconfiguram o ecossistema.

Para investidores e empreendedores, as oportunidades são grandes, mas é essencial considerar a volatilidade e riscos regulatórios – mudanças nas políticas econômicas, medidas de fiscalização e a incerteza regulatória em alguns países podem impactar preços e projetos.

Sustentabilidade e compliance são fatores cada vez mais relevantes: o debate ambiental e a necessidade de transparência e segurança devem orientar o desenvolvimento de novos produtos.

Por fim, a adoção do usuário é decisiva: experiências simples e móveis, bem como integração com identidades e reputação on‑chain, serão fundamentais para conquistar o público mainstream.

Em resumo, as criptomoedas e o DeFi deixam de ser um “Velho Oeste digital” e caminham para um ecossistema mais regulado, interconectado e orientado a aplicações reais. Acompanhar as tendências e alinhar‑se às exigências regulatórias e ambientais aumentará as chances de sucesso neste cenário dinâmico.