Relatório de Tendências em Finanças e Tecnologia (30/07/2025)
Introdução
O ecossistema financeiro global está passando por uma fase de transformação acelerada. Inteligência artificial (IA), fintechs e blockchain estão reformulando como pessoas e empresas acessam e movimentam recursos. Este relatório analisa quatro temas em destaque — escassez global de professores e tecnologia financeira, mercados emergentes que reescrevem as finanças com IA, a economia de protocolos e o avanço das finanças embutidas — para destacar oportunidades e desafios.
Escassez global de professores e tecnologia financeira
A demanda por professores deverá aumentar nos próximos anos, mas muitos profissionais estão deixando a educação devido ao stress e à pressão financeira. Um artigo do Fórum Econômico Mundial observa que esse êxodo pode ampliar o tamanho das turmas e elevar os custos de recrutamento e formação de novos docentes. Um relatório da UNESCO projeta que serão necessários 44 milhões de novos professores até 2030 para garantir educação universal; cerca de 70 % dessa demanda ocorrerá no ensino secundário e será preciso substituir mais da metade dos atuais docentes.
Entre os fatores de saída estão altos níveis de stress, falta de apoio, cargas de trabalho pesadas e salários insuficientes. Nos Estados Unidos, distritos grandes gastam em média US$ 25 000 para substituir um professor, e 86 % das escolas públicas relatam dificuldade para contratar. Nesse cenário, as fintechs podem amenizar a crise. O artigo destaca que aplicativos de planejamento financeiro, de investimentos e de aposentadoria digital podem ajudar professores a controlar melhor seus recursos e reduzir a ansiedade. A educação financeira acessível é um começo, mas ferramentas que permitem aplicar esse conhecimento no dia a dia, como contas digitais e soluções de “salário sob demanda”, também são importantes. Uma pesquisa citada mostra que 70 % dos professores gostariam de receber com mais frequência, e serviços de pagamento imediato poderiam ajudar a equilibrar contas e evitar dívidas. Embora a tecnologia não resolva todos os desafios, ela pode aliviar as preocupações financeiras e permitir que os professores se concentrem no ensino.
Mercados emergentes reescrevendo o futuro das finanças com IA
Em muitas economias emergentes, a combinação de IA e fintech está redefinindo o acesso a serviços financeiros. O relatório do Financial Technology Report observa que esses mercados estão criando ecossistemas que dispensam infraestruturas legadas e atendem às necessidades locais. Apesar do progresso digital, 1,4 bilhão de adultos continuam fora do sistema bancário; em regiões como África, Sudeste Asiático e Oriente Médio, populações “mobile first” ajudam a cocriar sistemas financeiros modernos. Em vez de usar apenas pontuações de crédito tradicionais, bancos e fintechs analisam dados alternativos como padrões de uso de celular e geolocalização para avaliar risco.
Empresas como Nubank (Brasil) e MoniePoint (Nigéria) estão expandindo atendendo públicos desassistidos; na Indonésia e no Egito, a atividade financeira digital cresceu 226 % e 5,5 vezes, respectivamente, em 2024. Plataformas como a Botim, da Astra Tech, evoluíram de mensageiros para hubs financeiros, permitindo remessas que geram micro‑empréstimos ou conselhos de poupança gerados por IA. Analistas preveem que a receita global das fintechs pode alcançar US$ 1,5 trilhão em 2030, com grande parte do crescimento vindo das economias emergentes. O maior obstáculo não é a infraestrutura, mas a falta de intenção e políticas que promovam inclusão; governos e empresas precisam combinar inovação com acesso equitativo.
Economia de Protocolo
O conceito de “economia de protocolo” refere‑se a comunidades que coordenam recursos e serviços por meio de protocolos digitais e incentivos descentralizados. Pesquisadores da Civic Square e outros grupos analisaram como a economia cívica e a economia de protocolo podem se complementar; o estudo explora de que modo as comunidades podem usar plataformas digitais e tecnologias Web3 para criar modelos de propriedade compartilhada e governança mais equitativa. Ao combinar redes locais e infraestrutura global, essas economias pretendem permitir que cidadãos participem de forma mais direta de decisões e investimentos, utilizando tokens e contratos inteligentes para recompensar contribuições e viabilizar projetos coletivos. A economia de protocolo ainda está em estágio inicial, mas oferece novas formas de organizar trabalho, capital e serviços públicos, reforçando o poder das comunidades.
Finanças embutidas (embedded finance)
As finanças embutidas descrevem a integração de serviços como pagamentos, crédito e seguros em plataformas não financeiras. Segundo um artigo do Fórum Econômico Mundial, essa integração está transformando a forma como usamos, economizamos e tomamos dinheiro emprestado. A ideia é que o futuro do sistema financeiro não será construído apenas dentro de bancos, mas nos aplicativos e serviços que já usamos diariamente. Ao incorporar produtos financeiros em aplicativos de comércio eletrônico, redes sociais ou aplicativos de mobilidade, a experiência do usuário torna‑se mais fluida. O setor de finanças embutidas deve atingir US$ 7,2 trilhões até 2030, e na região MENA projeta‑se um salto de US,2 bilhões em 2024 para US,7 bilhões em 2029.
Em vez de sinalizar o fim dos bancos, a tendência oferece às instituições tradicionais a chance de evoluir. Parcerias estratégicas com fintechs podem combinar a escala e a confiança dos bancos com a agilidade de startups, fenômeno que o artigo chama de “coopetição”. Casos como a colaboração entre a Quantix e o Citi mostram que bancos e fintechs podem se unir para ampliar crédito a trabalhadores de aplicativos e pequenas empresas. Além disso, o texto destaca que a próxima onda de inclusão financeira virá de plataformas inteligentes e contextuais que antecipam necessidades dos usuários. A inteligência artificial deve acelerar esse movimento, oferecendo processamento em tempo real, segurança aprimorada e serviços hiper‑personalizados.
Conclusão
Os quatro temas analisados mostram que a intersecção entre tecnologia e finanças está abrindo novas oportunidades, mas também desafios regulatórios e sociais. O déficit global de professores exige soluções que melhorem condições de trabalho e apoio financeiro; mercados emergentes demonstram que a IA pode impulsionar inclusão se aliada a políticas adequadas; a economia de protocolo oferece modelos alternativos de organização; e as finanças embutidas prometem tornar serviços mais acessíveis e personalizados. Para investidores, empreendedores e formuladores de políticas, acompanhar essas tendências e promover ambientes inclusivos e sustentáveis será essencial para aproveitar o potencial transformador da inovação financeira.